O CLÁSSICO DA LITERATURA INFANTIL:
UM LIVRO ASSIM EU QUERO PRA MIM*
Aricelma Costa Ibiapina
Ao propormos trabalhar com literatura, é mister que tenhamos intimidade com os clássicos; que os conheçamos ou pelo menos tenhamos lido alguns. Se assim não o for, é como nadarmos contra a correnteza.
É imprescindível, que o professor manifeste paixão pela leitura, e compreenda como demonstrar isto às crianças, sem obrigá-las a ler, pois a leitura precisa ser encarada como algo maravilhoso e apaixonante, e isto não ocorre durante uma tarefa obrigatória.
Pensando nisto, é necessária a conscientização do Por que e Como LER os clássicos universais desde a infância. Sabemos que são obras bem escritas e são eternas pois passam para a posteridade, tornando-se fonte de conhecimento, não apenas de entretenimento, na verdade é exatamente por isto que são chamados de clássicos da literatura infantil, e seus autores são realmente verdadeiros artistas.
Por isto nós alunas do Curso sobre Linux –ProInfo- NTE do turno vespertino, proporcionaremos momentos para os alunos refletirem sobre a necessidade de ler os clássicos da literatura infantil na escola, envolvendo os alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto usaremos a Web como ferramenta indispensável, assim as crianças aprenderam como fazer busca de Literaturas Infantis na internet.
A partir de agora vamos evidenciar algumas palavras muito sábias de Ítalo Calvino confirmando fielmente que os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: Estou relendo... e nunca "Estou lendo... Isso acontece pelo menos com aquelas pessoas que se consideram "grandes leitores.
Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.
Deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revistar as leituras mais importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas também eles mudam à luz de uma perspectiva histórica diferente), nós com certeza mudamos, e o encontro é um acontecimento totalmente novo.
Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes). Isso vale tanto para os clássicos antigos quanto para os modernos.
A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura direta dos textos originais, evitando o mais possível a bibliografia crítica, comentários e interpretações.
A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário. Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumaça para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele. Ainda segundo Ítalo Calvino podemos concluir que:
* Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe.
* O clássico não necessariamente nos ensina algo que não sabíamos; às vezes descobrimos nele algo que sempre soubéramos (ou acreditávamos saber), mas desconhecíamos que ele o dissera primeiro (ou que de algum modo se liga a ele de maneira particular). E mesmo esta é uma surpresa que dá muita satisfação, como sempre dá a descoberta de uma origem, de uma relação, de uma pertinência.
* Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.
* Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.
* O "seu" clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele.
* Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.
* É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.
* É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.
*Texto apresentado no curso sobre Linux – ProInfo –NTE-Imperatriz-MA, no ano de 2008, sob a responsabilidade da professora Cida Marconcine. Alguns fragmentos deste texto são de Ítalo Calvino encontrados no site que está nas referências.
REFERÊNCIAS
MACHADO, Ana Maria. Como e porque ler os clássicos universais desde cedo Ed. Objetiva 02.
CALVINO, Ítalo. Porque ler os clássicos. Ed. Cia das letras 2002
Site pesquisado: http://www.lumiarte.com
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